sábado, 1 de outubro de 2011

Memorial

Testemunha aqui algo que condiz ser este tempo um marco visível de uma mudança

Concordo que todos os tempos são, por definição, a própria mudança. Mas algo de 'positivo' aconteceu, ou ao menos algo legítimo sob todas as ilegitimidades e negatividades do Mundo.

Penso ser o resultado disso uma maior objetividade, uma concretude do Estar, uma tentativa verdadeira do Ser.

Tomo como 'objetividade' tudo que parte do pressuposto de que Tudo é provisório, e na eternidade Tudo será substituído; logo, nem o Todo está como "sempre" esteve.

Percebe-se aqui que eu alterno significados diferentes de tempo, mas o que importa agora é tratar da dimensão presencial das coisas, ou seja, o tempo passa a ser elemento da Presença, mas nem ele nem nada definem, limitam ou traduzem o que é a verdadeira presencialidade.

Cabe então ressaltar que, dentre as mil interpretações possíveis de qualquer coisa, dentre os diferentes focos e perspectivas, no meio de todas as corrupções e deturpações, nada vive ou se constrói com a qualidade ou a potencialidade de tanger intocadamente a Presença. Até o mais profundo limbo do mais pútrido abismo converge, de alguma forma ou nalguma dimensão, à Presença.

Tendo um conceito tão ampla e profundamente fundamentado de Presença, que essencialmente faz parte de todas as coisas, qualidades e ações, como Ação fundamental do Ser-Sendo no espaço de Tudo quanto existe, não me prestarei mais na tentativa de definir ou  redefinir o meu próprio ser ou de encontrar maior razão para os meus atos.

O que eu quero aqui é evitar preconceitos, neuroses, paranóias, enfim, considerar as coisas e eu mesmo em seus respectivos lugares, mesmo sendo eu o sujeito criador disso tudo.

E isso é bem difícil pra mim, que antes de agir penso várias vezes, e antes de pensar o faço fundamentalmente baseado em alguns pré-conceitos. Acho, mas quero Saber ser possível não se afogar no mar da loucura se emancipando de todos os grilhões.

A única singularidade é: este ponto( . ) não é, nunca foi e nunca será absolutamente igual este ponto ( . ).

sábado, 6 de agosto de 2011

Quando sem artifícios poéticos, me pergunto: há quanto tempo não escrevo? Há quanto as rotinas esmagadoras me sufocam? Também penso que eu não deveria falar em rotinas, pois eu sou elas, foi por mim que não passou o Intento. Criei barreiras a Ele, fracassei em intervir no que me intervêm.

Ao pensar em como é difícil viver uma vida de obscuridades, de questionamentos e indagações, me vejo na  pele de quem aparenta não se preocupar com essas coisas: seria tão mais fácil contar com o previsível. Será mais um adorno dessas pessoas? Não tenho como a isso responder. Mas sei que eu não tenho "uma aparência", que eu não me ponho máscaras nem armaduras, e sofro mais por isso, sofro em dobro pelas intempéries...

Tenho vontade de tacar um grande Foda-se às "obrigações", aos poderes temporais e espirituais, mas sinto que não estou  pronto...

Me sinto como se eu estivesse sentado contemplando o pôr do sol, mas tinha um formigueiro debaixo da minha bunda, e agora estou sofrendo as consequências...

O segredo é apunhalar-me com o sentimento de Presença, enfiar a cara no formigueiro, lutar contra as agonias que me visitam, deixar que as formigas carcomam as minhas vísceras... até não sobrar carne, matéria, convenções, vícios, viciosidades...

Sobrará o imune. 




  

quarta-feira, 13 de julho de 2011

janela num muro

Certa feita um sábio escreveu: "Sê presente em cada alento"...
Os versos me fizeram pensar na ingratidão para com a vida.
Os problemas incham a atmosfera das cidades e das pátrias,
que em verdade são as piores apátridas... O berço esplêndido esvai-se
nos quadros do senado, encharcados de uma glória sangrenta que riu-se
da História do Povo e das músicas e danças locais

Whitman diria "Presencie a respiração da terra!"; sou patriota da Terra!,
quero viajar até minha Pátria,
embrenhar-me solitário na selva e nas multidões

Do progresso da terra sem alentos
não se traduz liberdade ou ordem; clamam por crimes capitais
para justificar a justiça e seus anais. Dos monumentos da controvérsia
se explanam os maniqueísmos contra os versos das coisas e os versos,
mas a moeda não tem só um lado, o caminho não tem só uma direção
e a Poesia não tem regimento

Os elementos-problema são o Estado,
o estado de espírito dos sujeitados aos problemas e medos convencionados.
Contra o mar só há o penhasco!
contra um lado tem o outro,
contra a gente tem a gente

Qualquer problema parece mera cagada de pássaro
quando tomamos aquele do ácido corrosivo de pessoas,
criador de personalidades-adorno do nosso belo quadro social;
sua mãe ou cria que é a mercadoria, vende-o também nas universidades
catalogadoras de um moderno Index Librorum Prohibitorum,
e cai em sítios rasos a reflexão de dotes profundos...

Que os regimentos e estatutos façam-se em poesia!
Pois o amor é como mato que brota no concreto
e paixão é a flor que desabrocha em drama e murcha em tragédia.
Mas não há deleite maior nem trabalho divino que ofusque
o insistente labor das abelhas a distribuir seus secretos frutos
alheia aos apaixonados que insistem no concreto de pouco sumo
ou cega aos que desistem e anseiam tornar-se um tijolo no muro

Mas há propósito em tornar-se do muro,
pois aqui isso ainda é como apoderar-se do "mundo".
Quem compartilha do nomadismo conceitual
haverá de ser tijolo pra lá de desigual
que não aceita ser pintado sem trabalho em dobro
do responsável por desaparentar de tudo isso o engodo
que é o muro alvo e branco da sociedade ideal

Sopro que entra nessa janela não é vento nem alento.
Se entrar vento nela, é moldura, ceifa a leve ternura
da brisa gratuita dada no Nascente a acobertar as criaturas
e o andarilho que deixou metros quadrados e cúbicos ao léu
do vento que não se mede em anemômetro, mas em carícias
às folhas e às asas do que por acaso saiu à Casa dos aristocratas
da razão e da sorte de viver cem mil sóis sem casas

terça-feira, 14 de setembro de 2010

os fins

tu vive a fugir de uma certa ânsia de fuga de tudo e de si,
num demolir de paralisias que o moldam,
se ferindo nos cacos e proferindo hinos de caos
deferindo profecias ímpias
que profetam profilaxias ímpares
e pares às hipocondrias profícuas,
as quimeras que não raro rareiam,
raridades que, meros fantasmas que são,
no rarefeito ar que te afoga, são efêmeras

tu não tens a chave dos grilhões;
provavelmente ela está no fim do arco-íris
assim como o fim do arco-íris,
o fim que não têm meios e nem receios,
apenas o fim, provavelmente assim como o de nós
que temos no todo a confiança aos grilhões, nossos meios e receios
que confinaram a ânsia anteveja à sorte que é ansiar pelo nada e pela negação,
o fim máximo de nós quando puros sob a imensa escuridão,
o eclipse total, o caos ou o fim do fim do arco-íris,
porém, leve e solto em brumas,
livre e solvo como nuvens
num céu que não importará qual cor,
sempre por todo sempre foi incolor e impostor da vida
que não se apercebeu da dor
e da tempestade das nuvens
que depois geraram lúmens
de diversas cores e homens
que zarparam para o fim do além
em leme forte,
e convém dizer:
é o que a vida tem que ser,
o significado que a morte tem que ter
como redoma da vida, como chave que aquebranta grilhões
e como o arco-íris se esvanece,
depois que o rei sol do trono alvorece
para virgens sonhos que hão de perecer
frente à beleza de ser
um antro de efêmeras quimeras

domingo, 29 de agosto de 2010

O Dançarino da Côrte

Nas lacunas que surgem como rachaduras dessa vida imprestável eu reflito e decaio; os breves momentos de introspecção me fazem entristecer tanto pela culpa de não tê-los tido antes quanto pelo triste e inevitável fim dos meus devaneios.

Mas vou construindo, à medida que se destroem os alicerces que me confortam, uma espécie de homem que eu quero ser, uma projeção perfeita que não passa de uma efêmera quimera. E por não passar disso, felicito-me já que a realidade não passa de uma eterna sensação de tédio que quando não lateja é latente. Não vou sujeitar o meu eu imaginário a esses grilhões.

Por que fui triste eu refleti, e por refletir eu fiquei triste. Não me desfaço dos grilhões porque até agora, como em última esperança, me agarrei num arquétipo esquizofrênico de um" eu" que não suporta o curral de cordeiros que caminham ao juízo final.

Desse "eu" eu vou fugindo até que não me restem esperanças nessa corja, ao mesmo tempo que dessa corja eu o resgato como se buscasse a mim mesmo na condicional de retornar à prisão.

Não sou homem de verdade e tenho medo do lado de fora. Serei homem quando for um só ou quando a minha efêmera quimera se cristalizar por cima desse véu de objetividades, pragmatismos e metas.

Mas sou menino de verdade por crescer toda vez que enxergo, lá de trás das brumas, um porto seguro e um braço que me alçaria dessa tempestade que já afogou a tantos.

Talvez a realidade seja apenas um conceito que inventaram pra a gente achar que não deve fazer o que sempre deveríamos ter feito;

talvez o conforto seja apenas um confeito que inventaram pra a gente achar que vale a pena não sair quando nunca deveríamos ter entrado;

talvez a tristeza seja apenas um conforto que inverteram pra a gente não achar o conceito que faz ser feliz nas intempéries;

talvez a poesia seja apenas um efeito dos que subverteram a gente perdida no tempo.

Sou triste mas não amo e nem lamento, não sou homem mas me prezo ao relento meninesco e tempestuosamente imprevisível que me dá essa característica de menino.

Sou possivelmente o mais perdido dos perdidos mas ainda bem que encontro, nessa mente minha, algo que me suporta nessa tormenta.

Talvez ser homem seja apenas quando um homem desiste de ser homem, resiste e esquece de pensar como um homem.

Talvez a felicidade seja apenas quando conseguem inverter a tristeza inerente de viver não vivendo.

E num vai-e-vem, poeticamente, o menino feliz dentro desse homem triste que viro se contorce e se liberta, genuinamente menino.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

~"Do Tomo"

I
- As Leis Naturais estão acima do mando de qualquer ser, instituição ou postulado pré ou pós estabelecido.

II - O Estado como sistema organizacional é o "mal" necessário ao bem comum.

III - O Poder é somente para garantir que nenhuma liberdade pessoal seja sobrepujada por outrem, seja física* ou mentalmente(coação*). Esse poder é não humano, etéreo, e não permite outra definição e é a própria exclusividade do significado e do "ato"** implícito na palavra "poder".
*A limitação física(não presença, incapacidade física, etc.) conta.
**Fica claro que não existe poder, apenas autonomia de algo, em conformidade plena com as Leis Naturais.
***A exceção no Artigo V aqui não toma parte.
~ Addendum - A Comunicação de Tudo e a Todos não aceita falhas, e está dentro daquilo que impede a alienação da liberdade de ideias de alguém que, por algum limite, não presenciou ou tenderá a não presenciar qualquer decisão tratada em Assembleia.

IV - O indivíduo é relevante, sem exceção. Lhe é garantida a liberdade na total expressão em suas ideias. Qualquer impedimento de expressão de ideias é subversivo e nunca deve existir.

V - O Coletivo é a união de pessoas, a Vontade Pelo Comprometimento num único objetivo: o Progresso do C.A, e consequentemente o progresso do Coletivo, com o conforto pleno de cada indivíduo e com o resguardo em plenitude e de todos daquilo que compõe o âmbito do C.A..

VI - A Ideia perpassa os meios legais e periódicos que haverão de se realizar, e, em concórdia comum(maioria*) e de acordo com as limitações naturais, haverá de ser aprovada e posta em prática pelos órgãos/indivíduos aos que caibam*, tudo de acordo com as Leis Naturais.
*Esses e outros melindres estarão a se definir.

VII - O Nada ou o discutível não são e nunca serão parte das Leis Naturais. As Leis Naturais não** são discutíveis*.
*É óbvio que elas ainda estão em formação.
**Tudo bem, sem generalizar.

VIII - O Comprometimento Moral é a responsabilidade de todos que se incluem no Coletivo*, o Coletivo como interessado pelo Centro Acadêmico de História.
*Os não pertencentes tenderão naturalmente a cair numa espécie de "ostracismo coativo", de acordo com o Artigo IX.

IX - O Ostracismo Coativo é cultural. A aceitação será re-estabelecida com a conformidade com a "Vontade Pelo Comprometimento", contra sanguessugas ou parasitas, de acordo com o Artigo V., a partir de quando ela for generalizada.

X - Só é implementável aqui o que seguir os preceito dentro do diverso conceito de algo importante à manutenção das ideias: da liberdade de ideias de todos, do veículo das ideias, do arbítrio das ideias, da implantação das ideias, da prática dos processos das ideias, da manutenção dos processos, do acolhimento dos resultados, da manutenção dos resultados e do resguardo dos bens. A regra que não estiver sob esses preceitos nem implicitamente ou sem total concisão fará parte na reformulação das Leis Naturais, se houver o acordo* de que essa deve fazer parte, ou num outro livro de regras específicas para um determinado mecanismo da Administração Geral.
*Haverá discussão sobre.

~~~~~~~~~~~~~~~FIM; Da 1° formulação das Leis Naturais.

Isso fará parte do "Tomo Da Liberdade", como meio e fim para si e para tudo.

O Comprometimento Pelo Progresso, pela parte de todos, é o objetivo de tudo que se faça a partir de agora, no âmbito do Centro Acadêmico de História.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Agora decidi pelo mais difícil. Escrever aqui, aonde espero ser lido, entendido, admirado, refutado. O meu orgulho que como uma bengala assiste ao velho me elevou até de onde eu não consigo cair. Esse falso se tornou realmente falso, e eu me tornei verdadeiro. Caí e levantei, com as minhas próprias pernas, à altura que só o mais infortunado viajante me encontrará e tropeçará nos restos da minha veste fidalga, decrépita e morta por sua própria gula.

Espero que tal errante me erre, e que minha solidão incólume e sempre forasteira me guie até as portas da verdade, precipício ao longe impávido, sem medo de olho, rapinas e andantes. O fim agora me parece mais perto, e tão menos doloroso...

E facilmente escrevo um fim, agora.

Fim.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A legar seus sorrisos mansos,
Aos festejantes que dançam também,
Salvos ao pileque, os rondadores ignotos,
Anônimos ostentando suas armas,
Dançando ao ranço das almas,
Salvando as delicias peadas,
Dos crápulas as afagadas,
Almos doados fadados,
Às rapinas fardadas

Carrancas latiram ascos!
A alegar seus pares rotos,
Em calcanhar as algemas ocas,
Nos pescoços as coleiras tortas,
Às almas as potreias chocas,
Ao leviatã as mãos insípidas,
Sem mão de lâmina ríspida,
Sem palma de casta pudica

Leões cantaram lábaros!
A elucidar troantes séquitos,
Que desnorteavam seus passos,
Em hiperbólica canção dos perdidos!
Rompantes tortos aos sorrisos escrotos,
Plateia coesa nas gatunarias delirantes,
Louvantes tracitos do descaminho garrido,
Caminhantes antes o caminho destemido

Lobisomens uivaram horrores!
Legado das dores e hipocondrias,
Regado a flores nas romarias,
Flores cuspidas esculpidas
Maculadas nas orgias ordinárias,
Fadantes aos garrotes flácidos,
Supliciantes ao dote impávido,
Desflorado em barrete frígio,
Enquanto permanecia plácido

A alegar a pirraça fiável,
Legou a traça inefável,
Alegrou a graça incrível,
Logrou a lavra crível,
Lavrou o riso,
O coringa do baralho


terça-feira, 13 de abril de 2010

...eu
Insone ao entardecer em meus paradoxos
Inertes os olhos que choram, de rir de tão triste
Insana a boca, seca de falar em tanto remorso
Inato perfume em preste, e falha, em riste

Em nobre embuste aos sofismas,
Em sofisticadas vestes aos teoremas,
Em rotas que restem as hipóteses,
E em tu drenam as apoteoses...

De esvaídas tardes minhas
De recaídas torpes tinhas,
Deveras sordidezas,
Deveras realezas

Suas incertezas,
Sua certeza,
Me reza,
Bruma,
Lesa...

sábado, 10 de abril de 2010

Antropolatrias ao antro das egofagias

- Luto com os galhos na terra dos cegos. Perco-me na sofreguidão apressada, ao meu sangue a ânsia, de manchar com o rútilo que os olhos veem, mas não dizem. Insepulto, eu às amarras danço freneticamente, ao abafo das prosápias, linhagem das sordidezes; Ó malfadas mequetrefes!
- Toma a potreia de minha graveolência, fetiche à tuas hipérboles bêbadas, e caia na solicitude inimiga à ânsia, ambígua aos caprichos, galhos que só te ferem, fidalgos a que predizem, eu, a morte fantasiada, a boceta de pandora.
- A escuridão do érebo e onírico se vicia, em alegoria às cores de minha completa alforria. Lamúria à verve da verte em poesia, razão súdita à razão, revelia revés ao desaire, da dicotomia de minha sede, à panaceia perdida do meu existir, teu porvir, nosso fugir, à latria de nossa existência. E nem vivo, e nem morro.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Andavas com punhos nos bolsos rasgados,
Trapos indiferentes às carcomidas de outrem,
Nascidos aos restos sob os defuntos negados,
Aos vermes, cunho a que te acorrentem,
Nos postes multi-cores dos ratos, teus renegados,
De tuas tripas, pobre fado aos fatos, famintos,
Aos teus fluídos trocados, tua vergonha,
Pelos abortados ao rito, selvagens dos mitos

Em doença explana queimaram-se às fogueiras,
Onipotência em dança, choraram em gargalhadas,
Chocaram-se as flamas, agora em curvas gralhadas,
Arderam em chamas, labora às purezas em clama
Da última profanação, graça às potreias inflamas,
Vinho à heresia mundana, teu fluído perdido,
A dor aos vermes infaustos, teu fado garrido,
Grito de sangue, batismo em graças cortantes

Eu andava com bolsos nos punhos rasgados
De outrem indiferentes a teus trapos carcomidos,
Defuntos nascidos aos restos negados
Dos vermes, cunho aos meus restos fugidos,
Queimados na graça de belos suspiros,
Morridos na pirraça ao enfermos famintos,
Das minhas tripas póstumas das chamas, o grito,
Em cinzas dos meus vermes partidos - os meus suplícios

domingo, 28 de março de 2010

Ao breu de minha célebre ignorância,
Despejo lâminas a rasgar o véu tão desejável,
À tu nua e pura insipiência, dama das profundezas,
Fraqueza aos pensares, incumbência aos pesares,
De perceber-se neste ignóbil mundo de súplicas,
E levantar-se deste inglório mundo de quimeras,
Fluente a nós desconhecidos, imundos de paixões,
Das loucuras profanas à razão que nos insiste,
Das troces que restam a tu, da sábia irracionalidade de viver
Ao caos de simplesmente não saber,
De nada, até que o sonhar nos prove o contrário

quinta-feira, 25 de março de 2010

Tango

A última despedida aos ventos do porto,
Paixão póstuma às ruas de amores,
Aos bailantes, próximo truque do mestre das dores,
O vinho derramado aos seus pés, como a dança de ardores,
À mim, tão próximos passos ao bailar dos ventos, de rancores,
Míticos aos hiperbólicos, ouvintes às cores, cegos lunáticos,
Dos mestres das dores, cantantes à música sem flores,
Versos atores, suspiro desafinante às palavras incólumes,
Poemas insones, ao porto das danças incolores,
Dos suspiros de amores, do mestre dos favores
De te amar

quarta-feira, 24 de março de 2010

Numas ruas de março, de tortos ladrilhos ranzinzas,
Meus passos, filhos da boemia vacilante de poesias,
Temem o último suspiro à tua contemplação,
À tua janela, mórbido anteparo de mim,
Meus passos, exímios vacilantes,
Tremem ao único gole à inebries de você

Numa noite de nuvens cinzas,
Deixai-me desfrutar de teus olhos,
Fruto perdido ao vão de meus vacilos,
Ao teu rosto nostálgicos, os poemas tardios
Ao teu sorriso, verso atrevido ao vazio de meus ladrilhos, poemas vadios,
A suposta cura inefável, teu luar aos meus suspiros, versos insóbrios,
E embriagarei-me de ti

segunda-feira, 22 de março de 2010

Soa o vento, bucólico sopro do leste,
Que nos busca, trazendo suas especiarias verdejantes,
Como um adeus das árvores ao suspiro meu que foge,
Das misteriosas danças noturnas

Num último tributo ao astro, as nuvens sorriem róseas,
E restam-me estros e mariposas, damas das flores,
Em cortejo, árias de saudade ao coquetel das cores,
Apoteose tétrica das invejosas da noite

E lamentos sob o luar soam, sigilosos dentre as sombras,
À lagoa quieta, espelho ao furor ébrio das fadas,
Desenham-se no céu ao pastoreio da gama,
Das paixões perdidas, paradoxo ao luar de sorrisos

Ressaca das dores, o apogeu de todos os olhares,
Das danças hipnotizantes, dos aromas ao orvalho,
Consolação ao sorriso dos cantantes, delirantes,
Troantes flamas à nostalgia que enseja, o dobrar dos sinos

Como das árias aos ecos da solicitude às minhas paixões

sábado, 20 de março de 2010

Se eu fosse um músico,
Dedilharia em meus dedos as nuvens que correm no céu,
Recitaria meus segredos aos homens que dormem no breu

Se eu fosse um pássaro,
Perseguiria com minhas asas o sol que se esconde,
Cantaria ao vento a música desconhecida aos homens

Se eu fosse uma nuvem,
Choraria por tudo aquilo que insiste em ser,
Choraria pelo que o homem é por querer se tornar

Se eu fosse uma árvore,
Afloraria à nostalgia dos tempos, arte remota,
Sombrearia um louco que ainda visse em mim a materna reflexão

Se eu fosse uma montanha,
Declamaria a voz da terra, aos cegos, mudos e surdos, hommo sapiens
Seria um atalho ao céu, apoteose aos loucos olhos de quem se curou

Se eu fosse um cego,
Me apaixonaria à luz, quando descobrisse que eu sou ela,
E iluminaria ao caminho, que todos os olhos devem seguir

Se eu fosse o caminho,
Me perderia de amores, aos amores que tentam guiar em mim,
Essa primavera eterna de ardores, veemência às dores

Se eu fosse a primavera,
Com flores presenteava aos que ao vento se esperançam,
Com saudade inflava aos amores, que ao leito florido descançam

Se eu fosse só um humano,
Às flores buscava, únicas em tremenda simpatia à pluralidade minha,
Debaixo do céu descansava, e dormia até que o sonho me revelasse,

Se eu fosse um sonho,
Aos homens ensinava a poesia de amar, apaixonadamente,
Em caminhos de inverno, nuvens ou cegueira, caminho infalível ao poeta

Cara fantasia,
Sou um perdido em tua verve, hipocondríaco, mas não sou um
Ensaiador à cegueira, meu breu preferível à morte

Se eu fosse um poeta,
Me embriagava às dores da fantasia, luz de mim que me desencaminha,
Caminho da perdição, nos amores, atalho ao louco de mim que procura o céu,
E se apaixona antes de encontrá-lo,
E encontra-o antes de cantá-la, a paixão que me leva
A ser mais do que só um ser humano,
E a poesia se torna o céu, antes que o caminho da perdição de amar
Leve-me e esqueça-me

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sobre a paixão, poupo esse desajuste que há em mim. Sobre mim, que a paixão não poupa, que me faz tragar a refeição de todos os dias como se fosse a dor inerente. O meu alimento propriamente dito, a droga pura e mais viciante. O engolir da lâmina que me fere. E sangro enquanto vivo, e me engolfo absorto na embriagues estapafúrdia de meu sangue.

Sobre mim não os poupo. Porque eu não me entendo. Porque meus versos não são mais que uma anestesia à esse apêndice, que carrego curvado sob o peso em minhas costas. Porque ser apaixonado é irresponsável, é me degenerar até que a carne exposta de minha pele sofra ao mundo, imundo dos homens, ao tempo, perdurador dessa fantástica dor. Sou fanático por ela, e morrerei apenas quando esta paixão acabar. Os anos a mais nada significarão. Os meus atos além dela se tornarão triviais, e a minha vida terá sentido quando meu corpo se desvanecer junto a ela, a paixão, que se elevará como uma lembrança nostálgica ao mundo que já conheceu o amor. O amor, se me restar morrer por ele, que o seja. Mas restam ainda paixões dignas de minha contraditória existência. E descobri que quero viver por elas. E quando houver a reciprocidade de outrem à essa dor, haverá de se tornar esse precipício, gigantesco, o magnífico fim, a grandiosa mágica de sentir a plenitude de viver, a apoteose às perduráveis dúvidas e súplicas de nós meros mortais, e não farão mais diferença, meros pesadelos ou céus e o infinito.

E vou me reconstruindo de amores.
Ando e busco, a que pouse em mim, dito o refugio,
Nas veredas, apoteose da verve às alcovas,
Voando ao lusco, fusco a que preza o rito, por corolário,
Trôpega ao risco, cega ao que reze ao mito,
Sombrio nefasto, leigo a que jaze inóspito

E abro os olhos

Ardo em súpito, em que ouse a mim cântico,
O fogo, púlpito a riste, lábaro a que desponte diste, irônico,
Em psicodélico redemoinho ébano, fado tirânico
Estro em que acordo, arpejo insólito, do trovador infausto,
Arauto ao logro da verve, sonho estrépito,
À contradição de minha existência

terça-feira, 16 de março de 2010

Ao sono irrompe a mais bela manhã,
Os pássaros cantam, tão inocentes,
Em tributo ao dia vindouro, mas eu hei de esquecê-los,
Cantante ou mais, em minha mente invadida por ti

Persegue-me tu, amável aos cantos que vou,
Apaziguante às chamas, e falho, egoísta,
De não te querer ao mundo que pertences,
De sonhá-la à sorte dos que te cercam

E o meu coração queima!
Quando me aquietar o espírito, não terei mais dúvida,
E me sussurre que o dia não mais será sem tu,
Nos sonhos e aos cantos que o mundo nos deu

E me restará apenas te perder,
Mas enquanto eu andar sob este céu,
Só me restará dedicar a ti o meu coração, teu reflexo em mim,
E te oferecer o mundo, prova dos meus sonhos de você

domingo, 14 de março de 2010

Dias tediosos de Janeiro, domingo ou verão,
O início o meio e o fim de uma história normal,
Se repete como um recital de quatro paredes,
Leigo puro aos garranchos que a vida lhe confere,
Em tão visíveis linhas de equidade virgem,
Das lágrimas imunes ao claustro, desejo de meus medos

Caprichos pretensiosos aos olhos detém a raridade
Das borboletas que fogem de suas amadas flores, e embalam-me
Num turbilhão de cores tais as que os teus olhos me mostram,
Do coração que vacila ébrio, ao aroma que teus cabelos exalam,
E tornam meus passos sonhadores ao calor que teu corpo me rouba,
E expira-me o ar, inspiradores aos meus pensamentos, teus vassalos

Para quando cruzar meu caminho,
Mesmo que em soberba de minha imaginação,
Eu puder saborear este viciante prelúdio à loucura de amar

sábado, 13 de março de 2010

Entra em meu peito tal uma faca afiada,
A derramar ao chão toscos momentos de meu imbróglio bel-prazer,
A debulhar-me ao pranto que me foi evitado à prova de falsos moralismos,
E restar-me apenas as cascas do fruto que tanto temi, nascido de mim próprio,
Conquistado à proa do que me leva a nada, quando olhar para trás é o melhor a fazer,
Quando o tempo me emburrece, por roer, e só, a casca dura e ácida do fruto de mim,
Reduto de meu ardor, essência de meu ser, a vontade em si de seguir o que amo

A casca, essência da realidade, ácido purgo à imaginação, globo moralista ao meu ego,
Odeio e queimo, a partir de agora,
Esse punhal homicida de mim

terça-feira, 9 de março de 2010

Ao que me dista de tu, o melancólico repugno de meu coração,
Nostálgico às perduráveis fantasias,
Viventes em mim, que antes sonhava,
No eu, protagonista hipocondríaco do frágil porvir,
Ao pejoro do querubim que me feriu,
E abandonou à custa latente da dor, a pior maléfica às quimeras,
Ofensa ao rútilo da ferida que é não te ver em mim,
No coração que eu lhe dei, recluso às batidas que hei,
De dedicar pra ti, de esperar no meu peito carente de tu

sábado, 6 de março de 2010

Quando as coisas tão simples eram a essência de minhas preocupações,
Quando a incumbências das coisas passavam por cima de mim, despercebidas,
Porque não se precisava entender, porque não se precisava entreter,
O mundo tão simples e pequeno distante da realidade da TV,
Encontrava a beleza das coisas em elas mesmas,
Refletia a tristeza das coisas em fértil imaginante, em mim mesmo mirabolante,
Tudo podia nessa dimensão beligerante, aos erros dos que se dizem experientes,
Tão fáceis de resolver,
Por que imaginação é mais importante do que conhecer,
Incorpórea ilimitável à cômoda realidade
Pulsos de sangue sujo brotam-lhe dos olhos,
Palavras não mais significam do que breves tremidos em teus lábios secos,
Saindo de sua boca em agonia sufocada, da alma sedenta e gritante em teus olhos ocos

Teu coração só não descansa para sustentar esse peso infame,
Teus olhos só não se fecham para refletir esse leso infante,
Paralítico pensante,
Tuas pernas só não tropeçam para rumar nesse coeso delirante,
Homicídio gradual de todos,
Tua vida só não termina para se aglomerar a esse montante,
Mundo de todos que são desse mundo

Claustro do sou mais um nas alegorias das cavernas,
Esquecido das sombras que o cercam,
Ignorante às projeções que o tentam,
A esquecer de si mesmo,
A ignorar a si mesmo,
A buscar ao si mesmo,
Além do mundo que tentas pintar sobre o cinza de uma pedra,
E libertai, ao menos em sonho,
Para ter o direito de pelo menos às quimeras dedicar o céu sobre sua cabeça,
Mundo para todos que fogem desse mundo de todos, imundo

quinta-feira, 4 de março de 2010

Em farrapos, descanso inerte,
O desabrigo causa a dissimulada vontade vindoura,
O próximo gole à insipiência de meu bem querer

A rascante dúvida, jogada ao mausoléu de meu caráter,
E me sobram apenas palavras escritas num resto de papel,
Amassado seja, e jogado ao lixo como honra maior

E o trago das ilusões que me fadam,
A ficar sobre os restos do chão,
A ser o que antes poderia ser melhor, sorrisos passados

O dissimulado abandono de meus pensamentos
Às palavras mortas num pedaço de parede, para a vergonha de minhas mãos,
A vergonha que no passado reside, à ignorância que o presente me prende

A ignorância, escrita às parede em minhas costas, que nada entendem
O último gole infausto ao fenecer de minhas palavras,
Escritas num pedaço de parede

E um dia, ao gole venenoso da ignorância há alguém a preferir,
Ás paredes que tentam dizer, pensamentos que um dia nasceram,
Que nas palavras não encontraram limites, distante ao morto caráter
Deste eu esfarrapado, escrito apenas em palavras, feliz à condição que o apodrece,
Jogado ao lixo que o honra

E eu espero que não seja você

terça-feira, 2 de março de 2010

Aos arautos da realidade, que não me faltem nunca
Daí eu percebo o quanto estou certo
Prefiro tocar a minha música

segunda-feira, 1 de março de 2010

Que abaixo de mim corra gigante e indiferente
Sobre a veia a correr, o despedaço de mim,
Então que toque a discórdia, suave afago a mim esfarrapa,
Nesse rumo sem rumo, a olhar para trás, às veias a correr,
E desaparece, litiga aos braços meus que não alcançam,
Ululante à dor que fica, que não desaparece borbulhante

Que dentro de mim ecoa, imponente,
Sob a vela a desbravar, o reencontro de mim,
Então que urja, vontade de potência, grito de minha quimera,
Nessa realidade irreal, a fechar os olhos, às veias correntes,
E desapareço, intrínseco, aos braços meus que não precisam alcançar,
Ultrajante à dor que fica, a realidade, que morre num moribundo borbulhar

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Barco maluco, de todos os céus e todos os mares
de sete ventos proa e de sete léguas profundas,
O covil àqueles que não se curam, àqueles que não balançam
À música do mar, cântico dos anjos e pedestal aos deuses perdidos,
Presos, acorrentados, às sete léguas que se afastam,
Muito mais, e mais, de ti como se não houvesse mais importância

Barco à todos mares e de todas marés, palavras de um poema excêntrico,
Cortador tal as gaivotas que fluem, mar adentro, recital às músicas que sempre dormem,
dentro desse mar que tu corta
Arma em mãos de quem chora, rumo ao vão de quem clama, um lugar como esse
De céu, mar, lua e sol, tal qual o rumo do barco maluco, dentro desse mar que tu corta

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Mosaico gigante, preto, cinza e azul anil,
Montes disformes me separando em pedaços,
Simples palavras num verso sem final,
Jogados à sorte do mercenário de si mesmo,
Buscador aos restos, de si e ao que responde,
O fujidor às poesias, de mim destino e ao que questiona,
Inspirador à morte, infinito seja,
Eu, gênese à minha sorte, quando eu a verdade encontrar,
Estrela alada, talvez, gênese ao inefável e de mim, talvez,
Do céu, seu fim, meu fim, começo do infinito e fim da verdade,
Infinita seja, e eu, seguindo junto à ela, na poesia do universo

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Pelas marés e danças adentro ao abandono
Paz entorpecida nos passos de bailarinas silentes
Ecos nas que parecem dúbias salientes
Vazio ao que aparece, em vãs palmas carentes
Invisível em que fenece, ansa à podridão que lhe intima

Convido à dança antes que ela me faça
Me carrego à lua cantando à que me silencie
Séquito em mesmo que indubitavelmente me conquiste,
Em cortejo, ao que travo e entravo em passos descrentes,
O empunho da faca em meus pulsos, nobre marionete de mim

Então sigo-a à sarjeta
Então danço em seus passos
Então lanço de lágrimas e ás lastimas,
Nobre marionete de mim,
E a dança continua

sábado, 30 de janeiro de 2010

"A"

O meio é o final,
O final tem o fim,
O começo é o afinal,
Então ignoremos o MIM
Então brindemos sempre
E seremos sempre
Disto emana a vontade própria
EU estarei, e serei também
E lembre, o final pode ser só o começo,
Várias estradas em uma só
E então o fim nunca virá
E é só
Andante

Assovio olhando para os lados,
A estrada não parece ser a mesma,
O céu não parece ser o mesmo,
E aí eu percebo:
Eu não sou mais eu,
Eu sou a estrada,
Eu sou o caminho,
E como tantas vezes não percebi,
Tantas estradas em uma só,
Tantos sóis rodeados de nuvens e pássaros,
Sempre o lindo e belo sol,
Esperando por sua amada e bela,
E eu caminhando na estrada

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Fuga de Tema

Em minha cabeça explodem imagens de meu mundo imaginário. Ainda bem que ninguém pode ler minha mente, se não eu estaria fodido. Quando passa aquela gostosa na minha frente, ou quando a imaginar as coisas mais terríveis, a morte de um amigo, a morte de um sonho, a minha morte. As coisas mais triviais também, que possivelmente nem entram no "enredo" da vida. Quando a imaginar da estigma a que cerca Deus(deus, caso prefira), e sua irrelevância(do estigma, claro). Será que Ele(ele, se for melhor) lê a minha mente? Será que ele me vê praticando os sete pecados capitais em minha imaginação? E vão me dizer que o homem tem os pensamentos descontrolados, não responde por eles. E vão me dizer que o homem vale pelos seus atos, e nada mais. E eu digo a eles: porra nenhuma.
As vezes me pego numa de ficar me deliciando com as maravilhas às quais alcanço com meus curtos braços, e longos pensamentos. E isso vale? E isso me traz alguma coisa? É aí que fica a dúvida. Quanto vale o pensamento quando o seu ato traz coisas ruins? Traz coisas "pecaminosas"? E o contrário, quando seu ato traz coisas boas, mas seus pensamentos não. Um exemplo é a resposta de porque eu não quero ficar rico, mesmo na minha singela interpretação. Eu não quero dar a chance de sentirem inveja de mim, a ganância, para ser mais exato. Eu sinceramente odeio a ganância. Até no pensamento. Eu quero apenas entregar às pessoas a minha sincera amizade. Eu repudio a amizade comprada. Outro exemplo é o porque de eu odiar o assistencialismo ascensional. Nome feio pra caralho né? Admito que fui ao dicionário. Além de seu significado depreciativo, ele já é duas merdas em uma. Primeiro porque ele não passa de um pão envenenado."Tome alimento mas me dê a chave de sua prisão". Outra porque ele esconde completamente o verdadeiro significado do pensamento pelo ato, aos incautos ignorantes que o chamam de bom. E, não raro, até para os próprios que atuam em tal "solidariedade". É por isso que a humanidade está perdida. Igual a minha cadela, faz merda e não sabe que fez. É claro que não podemos generalizar, às vezes acho que minha cadela realmente está ficando inteligente e madura, que há razão em seus atos.
Eu sou adepto ao que dizem sobre a não importância dos heróis, mas sim do exemplo deles, não deles mesmos. Jesus era um cara legal, que fazia coisas legais e bem provavelmente pensava e ansiava por isso. E eu o considero um herói, não porque ele me favoreceu necessariamente, mas pelos seus atos e sua vida. O problema está em porque eu atribuí isto a ele. Um herói pra mim é aquele que salva, que ajuda por um determinado tempo. Aí já fica o limite. É nessas horas que concordo com o grande Bigodudo: O último cristão morreu na cruz. Agora Jesus é uma lembrança, um exemplo a ser seguido, mas ninguém(tá, sem generalização)se confia em tal saga. É difícil demais para essa humanidade corrompida, é mais fácil seguir a religião do consumo, o dogma da ignorância, a falácia à obediência passiva e inerente. Eu sigo a loucura. A loucura que me cede momentos de alegria, mesmo que imaginária. A loucura que rompe por um tempo esse peso da ignorância. Jesus era um louco,e eu quero ser louco como ele, de acreditar na escória. Ou não. Não quero ser um messias fracassado, quero que a loucura tome aos outros, e que eles me compreendam, e não me sigam, mas tomem seu próprio caminho, e me afundem no esquecimento caso eu me corrompa. Então não custa tentar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A janela passa entre as nuvens ao vento,
Uma ave canta, pássaro minguado ao relento,
Ao espinho que fere, e ao mesmo que lhe custe o veneno,
Desta rosa, a que te explana, égide ao que te reste obsceno

Que ressoa, dentre as traves obsecas em espanto
Da sujeira, que plana sob mar calado ao alento,
Do arranha céu que entoa, à esmo que lhe pague em desatento,
O sonho, a que se desperta, plectro em que te preste ao julgamento

Á rosa, que esmera ao estro em devaneio,
Ou à rosa em que entraves resto em descreio,
Credo, ao que espinho corta aos céus de véus esteio,
Veneno, veste vinho incauto tal a ledo saboreio

Custe ao que preste à tal preço a desvelo,
Cauta enseja à ruína a que ostente repelo,
Única rosa a que prostro curvo lhe pretende,
Floresça tal estro a que em sonho de ti recende

Ao celeste destro ao que tange em sol poente,
Cerce à raia inebria a que caia em decadente,
Pouse em lese e foge, à ressaca em laia descrente,
Cresce à jóia ingrata, a raia que te forje em ridente

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Em filosofia profunda à minha loucura raiz,
Com um copo, em restos da anteveja teoria,
Com traços de álcool e braços que agarram tal nostalgia,
Tropeça e ao vento solidário de mais um dia, prediz,
Um brinde ao passado, presente e futuro em boemia,
Paixão alucinada, à viagem a que de teoria motriz,
Em um sentido e no outro, ao sonhos de nossa filosofia,
Em uma alegria e nas outras, ao alcance, agora e sempre
Na felicidade de mais uma boemia

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Novamente amanhece, ventos tristes vem e vão,
Batem em meu rosto, esquecidas manhãs de verão,
Hão de em mim irradiar, prostro que ao crepúsculo aninha
Muitos invernos, castro ao que até a fome definha, e mendiga,
Morte, claustro à desejo caro aos que em alforria, em morte
Que sorte! gastro em recejo claro à podridão de minha agonia,
Que sobe, rastro ao almejo raro da razão à lá sofia,

Última lágrima às dores que te custe, que ao mudo choro acalenta e a embuste
Pedestal, a lástima que te reste, dos invernos a que te preste, funesto,
Sepulcro à que pouse, ao sorriso em que encerra, celeste à que repouse,
Ultima lágrima a que da manhã tirou-se, luar mudo ao choro que a alvorada almejou-se

Profanais, e percebo-te, dúvida, imperdoável seja,
Esqueçais tal promessa, que à vida enseja,
Aliviais, e descanse, há que à morte almeja,
Á tua insignificância, sob celestial que esbraveja,
Acima de tal cinza, há de brilhar sol que ruge,
Dentre cinzas e brumas, há de brotar ao que urge

Entre nuvens e mil trovões, brisa lunar ao que surge,
Ária noturna, do trovador carente ao canto, a que rege,
Inefável natureza do amor, complacente ao pranto em que tinje,
Cor da rosa à la esfinge, serenata muda à dama que tange,
Noturno cortejo ao nascente, mil gracejos à que lhe contente,
Sorriso resplandecente, da dúvida a que não mais se recente

Deste enigma hiperbólico, à desleixo de minha perdurável cicatriz,
Não mais em medo, de retórico segredo, inefável, de meus poemas matriz,
Verdadeira chave do paradigma, amor em pétalas de rosa verniz,
Perdido ao fundo abismo da insignificância, que em sabedoria prediz
Ao amor em imprescindível latência, fruto da vida e a ela geratriz
Como ao universo, e minha enigmática existência, ao todo, de inverno atriz
A chama de uma vela,
Clama-me, à luz infame,
Chama em ritual cintilante,
Envolve e deseja-me,
Derrete-se toda dançante,
Em mim queima, ardente

A chama de tal vela,
Inflama, em luz flama,
Flâmula discreta em pecado,
Ardor, secretamente o reduto,
Aclamadora dos meus anseios,
Frágil redoma aos devaneios

A chama de tua vela,
Alheia em sua delicadeza,
Explana, à minha rudeza,
Panaceia de minha fraqueza,
E trucida minha chama,
Ao tempo, seio de minha clama

A chama de minha vela,
Berço da semente indolente,
Bendita do fruto, trágico,
Vicioso adorno insolente,
De flama, lâmina do carrasco
Ao tempo, minha inerente

A chama que tu vela,
Abortada, que chora
Lágrimas inertes,
Infaustas inerentes,
Em seio de minha clama,
Lamentos, da alma que enseja
O carrasco que ao amor reclama,
Da paixão que não mais flameja

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

À savana infinita, utópica,
Três em mãos dadas, insistentes,
No quadrado de um sonho, savanesco,
Benfazeja fantasia, típica,
De savanesco finito, sustentes
Esse pesar mudo, grotesco,
De estátua apagada e mística.

Censitária vontade, rústica,
Teu semblante, à moda, fraquejado,
Em deserto de ideias secas
De persistência cega, frenética
No apelo ao passado, enterrado,
Sob por do sol e sombras tortas

Barrete Frígio, definhante,
Em cabeça, à moda suplicante
Em cabeça de três insistentes,
Estátuas fantasiantes,
À moda mística, mendicante,
De tua ignorância ultrajante

Savanesco, levante
Cuspa nessa boca que lhe beija,
Escarre nessa sombra que te peleja,
Queime esse pincípio que o ultraja,
Resguarde esse precipício que o afoga

Em Ilha da Perfeição, à moda de Utopia,
Só lhe falta a moda de democracia

domingo, 6 de dezembro de 2009

A chuva crava em face,
Face de terra, face de meu leito,
Engasta melodias, acomoda-se
À superfície seca de meu pleito
Litígio de minhas controvérsias,
Preciosas pedras,
Sinistras em meu peito,
Traçantes em meus pesadelos,
Celestiais cortantes à eito,
Bestiais burbúrios afiados,
Ferem a contestação postergada,
Dissimulada, de sonhos inventados,
Talham-a, que jaz petrificada,
Litigosa, pacificada,
E brotam à face, deflagrada
Bestial combusto, controverso
Em minha face, possessa
De meus versos, controversa
De demônios, contra os versos
No colosso, de meus versos
E acordo, glorificado

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

E não coube em mim...
Cataclismos, logro de minha loucura,
Gozo da branquidão que suscita
Solidão que ri, mudamente, e atura
Gritos de minha imaginação, astuta,
Dessecamento biruta, de mim,
Feneço em esquecimento, e no fim
O auscuto de mim, e o fim, refuta-o,
Em déja vu da solidão
Memórias alegres há e virão,
Em minha praça, um boa praça,
Minha ágora, tua pirraça
E cabe a ti meus sofismas

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Àtropos

Fictícia fantasia,
Da vanglória obscura,
Matriz da utopia,
Obscena e impura

Geratriz da loucura,
À justiça cega,
Dos homens de almas criadas,
Liberdades silenciadas

Alquimistas da conjuntura,
Hereges da vida
Engenheiros da morte,
Condutos da sorte,
Como bem convém,
Obscena e imunda

Para a desumanidade,
Só lhe reservo meu repugno,
E dedico a minha decepção,
À humanidade, incoercível,
Em pura irracionalidade, ilesa,
Palpável, suscitada, coesa,
Em seu caráter irascível,
Nesse amortecer da racionalidade

Minha sanidade em cinzas,
Plurais, em desgraças,
Geradas em plural, de fumaças,
Como a Fênix, em brasas

Seus olhos acinzentados,
Singularíssimos de morte,
Eternamente sem sorte,
Indesejadamente esvaídos

Singulares olhos calados,
À Nostalgia do escarlate,
Vivez, perdida em ânsia,
Exaurida, nata ao silêncio

Verdade tal qual é pura,
Assim como a morte,
E a liberdade, nua e crua,
Divina e inflexível, Átropos,
A única verdade obscura

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Noite simples e clara
Nos subúrbios da cidade
Embriagada luz amarela,
Que me torna ébrio
Com um simples toque
De sua alegre cordialidade
E me afaga com um calor maternal
Em um bar e sua hospitalidade
Matriz da noite, dançando à passos discretos
Ao som de um saxofone
Através da monotonia de uma madrugada

E a própria lua
Como ''O Flautista de Hamelin''
Nos hipnotiza com sua música dançante
E atrai, essa sereia, nua e crua
Ao júbilo de estrelas e anjos
Ressaca do mar
Ressaca dos homens
Esplendorosa fonte de inspiração
E tantos homens a tentam conquistar
E tantos homens a tentam esquecer
Num ritual de ilusão
Através de uma monótona madrugada
Em um wonderful world
Ah, quem me dera.
E que façamos um brinde a ela






O violão não está em minhas mãos
Porque o pôr-do-sol está atrás da parede?
Dedilho o ar num intento mudo,
Escuto o burbúrio como se fosse eu
Atrás da parede

Passarinhos solidários
Que me ajudam num momento de solidão
Tão felizes por si mesmos
Tão despreocupados por si mesmos,
E ainda cantam uma canção
Por trás da parede

É só seguir os passarinhos,
Hostis mazelas postas de lado,
Afinal, livre
É só se soltar dessas paredes
É só abrir a porta
Preocupações mundanas
São palpáveis de mais,
Alcançáveis demais,
Procurarei eu o inefável
Indizível em palavras
A serenata da natureza
A ópera lindamente desorganizada
Dos passarinhos que cantam a canção

Pôr-do-sol
Que ilumine essa sombra
Que eu ilumine essa sombra
E atravesse as paredes
Num rumo errante e sempre
E que as paredes me digam adeus

domingo, 29 de novembro de 2009

O Pato

palmatória na mão
quadro negro e uma incerteza
resquícios de minha incólume rebeldia
que formigam em meu cérebro
como uma planta a se regar
como uma ideologia a se arregrar
abafada por essa cascata de anti-ideias
presa por uma única porta
quase uma porta de hospício
que delimita o auspício
o augúrio de uma corneta
que mete medo em qualquer infante
escravo submisso à algo que ele não vê
principal pregador do que ele não tateia
eficiente instrumentista do que não escuta
errante que sustenta o próprio erro
errante como eu
errado como eu
que nasci com esse grilhão
próprio erro como à um prisioneiro
que duvida da justiça posta
prisioneiro como eu
que não sou mas é,
errado e errante
nessa cadeia diferente
que é mas não é,
onde são invisíveis as algemas
onde não visíveis são as grades - ou nem tanto
onde o criminoso é bem pago
ou não?
e a vítima é que paga,
o pato ...que acaba sendo.
Tic-Tac, Tic-Tac
O tempo passa, olha a hora
Um alvorecer de mais um dia
E o sepultamento inevitavelmente irredutível
De mais um pôr-do-sol
Que é o bem feito do inexistente
Apenas bem feito para uns,
Feito do invisível para outros

Como um calote eterno da vida
Passar para trás o que não passou
Mas seria tolice pensar que o tempo foi feito para o homem
Humano, apenas mais uma obra do mistério
Existente entre a humanidade e a verdade absoluta
Só resta esperar...
Apenas o alvorecer de mais um dia

Siga o sol se tiver curiosidade
Feche os olhos
Talvez lhe abstenha da liberdade,
De escolher o único caminho possível

O sol, sábio, em seu trono cósmico,
Continuará sua viajem, zombando
Da ignorância do homem, que se esconde
Das únicas coisas que realmente lhe pertencem
Como um efeito colateral da existência:
- A vida e a morte

sábado, 28 de novembro de 2009

Quando olho para as estrelas pergunto-lhes:
qual o nome do teu brilho?
Quando imagino a aurora boreal,
quais são as palavras?

No La La La
Onde está o propósito?
Em terra de Beethoven,
surdo é o propósito do La La La

Se olho pros teus olhos,
aonde está o significado?
Se encaro as reticências,
aonde estão as entrelinhas?

Para olhar o inverso,
como sem o verso,
Para meditar o universo.

Em minha umbra
Crio os quadros que eu quiser
No escuro, ninguém se importa
Cada com sua imaginação
Se eu quiser um Om
Ou alguma psicodélisse qualquer
Nessa psicodélica penumbra dentro da minha cabeça

Onde está a harmonia da minha desarmonia?
Onde está a inspiração do meu universo
onde está ''o eu'' na minha desarmonia?

No universo do me verso

No inverso da minha desarmonia

Na interrogação da minha exclamação

Na Quimera das minhas aspirações,
Quando não souber a gente inventa.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quem luta contra moínhos
Necessariamente está contra o vento?
Qual o sentido, deste sentido?
Porque não me deixam, lutar
Por apenas lutar
Mesmo que seja inútil
Depois que pareça fútil
Você, me diga, és um bobo
E então, com quem luto?

Esses moinhos
Com suas pás trituradoras
Sempre seguindo, sempre num sentido
Mas qual sentido?
O meu sentido é outro
A minha música é outra
Não deixo esvaziar meus sonhos
Não sonho triturar meus sentidos
Não sinto meus sentidos
Nesse sentido,
Tido como sentido,
Sem sentido para mim

Porque esses moínhos parecem tão perigosos.